Como é interessante observar o comportamento e a cultura das pessoas. Dei várias mostras da cultura chinesa, e agora tenho exemplares europeus, incluindo também alguns americanos.
Nesse fim de semana tivemos um chá de bebê de uma amiga brasileira. Entre os convidados haviam alguns belgas. Para começar, belga não sabe o que é chá de bebê. A amiga organizadora, recebeu um email pedindo esclarecimentos sobre o que se tratava a festa, já que o bebê nem tinha nascido ainda. Depois o mesmo fulano belga, confirmou e reconfirmou o horário da festa - 15:30. Ele perguntou se era isso mesmo, já que o horário é um tanto quanto incomum. Daí, a amiga organizadora, enviou-lhe um cronograma dos acontecimentos durante a celebração.
Outro fato interessante diz respeito às apresentações. Os homens, companheiros de trabalho, cumprimentam-se entre si e ignoram quem está do lado. Resultado: normalmente EU sou ignorada. Mas como isso já sabemos de longa data, aprendemos como lidar coma situação. Meu marido sempre me apresenta, ignorando a primeira ignorância, e quando não tem como fazer a apresentação e/ou o cumprimento, eu mesmo me adianto, ou ainda tomo a lição e ignoro também.
Semana passada, Sophia foi convidada para uma festinha de aniversário, num desses playgrounds particulares. Eu já sei do hábito em deixar as crianças na festa e buscá-las mais tarde. Isso inclusive está virando moda no Brasil. Mas achei meio demais deixar uma pequena, de 3 anos e meio, a mercê de tanta novidade sozinha. Arranjei um cantinho bem discreto da área, longe das mesas reservadas e disse a Sophia que estaria ali. Bem, algumas mães, acredito que as mais chegadas a inglesa anfitriã, ficaram por lá mesmo batendo papo. O pai da aniversariante notou a minha presença, mas não convidou-me a juntar-me às outras mães. O que alías, decepcionou-me a requintada educação londrina. Ao fim da festinha, que tinha suco e bolo, cheguei mais perto do recinto reservado para pegar a Sophia. O mesmo pai inglês veio oferecer-me o bolo. Numa mão ele tinha um prato vazio, na outra ele tinha o prato do bolo. O dito me ofereceu os dois pratos ao mesmo tempo. Eu na minha ideia pensei que ele queria que eu comesse o restante do bolo! Depois de alguns segundos que fui entender que era para eu mesma me servir do meu pedaço. Aí que vergonha! Passei por gulosa ao querer segurar o bolo todo!
Mais uma, refere-se ao hábito que eles tem de reunir-se am roda, depois dos parabéns, para abrir os presentes. Isso eu não sei de qual herança é, pois se fazia o mesmo nos Estados Unidos. E mais uma vez, situação constrangedora, penso que tanto para quem dá quanto para quem recebe. Imagina ter que fazer cara de agrado a cada presente aberto, mesmo se não tenha gostado? Para adultos pode até ser fácil esse nível de fingimento, mas para crianças? Acaba saindo algo do tipo: outro presente igual? Isso eu já tenho. Ou mesmo aquela carinha de decepção. Estou chegando a conclusão que em aniversários assim, a gente precisa fazer o máximo para surpreender!
Numa conversa entre mães, eu como a melhor ouvinte para variar, pesco na hora as tonalidades e intenções das falas. Uma mãe estava preocupada com a qualidade da educação de sua filha, pois acredita que sua menina esteja mais adiantada que o conteúdo fornecido. A outra mãe, tentando mostrar a eficácia da escola foi dizendo que lá tem muito espaço para brincar e área verde. No segundo seguinte, a mãe preocupada respondeu: - não trago a minha filha para a escola por causa de área verde. Ela tem que aprender que a escola é um lugar sério de estudo.
Aí, aí, aí… Cada um com suas prioridades, não é mesmo? Foi o que eu disse à mãe preocupada. E ela acabou concordando.
Bom, se fosse eu a receber essa resposta, eu ficaria um tanto quanto chocada com a rudez. No entanto, estou aprendendo que a sinceridade por essas bandas, chega muito perto mesmo da grosseria.
Uma funcionária do banco, a qual fui pedir ajuda para fazer um pagamento ao qual não estou habituada, respondeu-me assim: - você é cliente dessa agência? Não sendo, eu até posso te ajudar se você quiser, mas esse não é o meu trabalho. Eu fiquei assim com cara de pasmada. Continuei olhando para a cara da moça muito delicada, e disse: - Ok, entendi. Mas continuo precisando de ajuda. E então, vai dar ou não?
O interessante disso tudo é naturalidade com que as pessoas falam e agem. Tão natural quanto um chinês escarrando, soltando pum ou arrotando.
KKKKKKKKKKKKK
E assim, vamos aprendendo mais e mais.
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