sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Relação com o tempo


O céu belga me surpreende! Confesso que mudei-me para cá com uma certa resistência ao clima. Eu sou inteiramente sol, e estava receosa em ser submetida a chuva diaramente. Desde que aqui chegamos, há 7 semanas, não tem chovido como o usual.
Hoje o céu está esplendidamente azul, sem nuvens, e com um sol irradiante!!! Isso eleva o meu humor e vejo a vida com mais graça e alegria.
Até mesmo perdoo o indivíduo que prometeu aparecer durante a manhã para me ensinar como funciona o sistema de aquecimento da casa (para o inverno, claro!).
Essa demora excessiva e a falta de compromisso em comparecer aos encontros, não é coisa de europeu. Apesar de que, existem algumas situações que parecem que o mundo gira lento demais para eles. Reparo isso, principalmente, no comércio. Nada de pressa por a fila estar grande, ou a loja cheia. Vamos todos com calma esperar a vez de cada um. Atreva-se a mostrar-se apressado! Atreva-se a interromper um atendimento apenas para uma simples pergunta. Vai ganhar uma bela resposta.
Eu estava numa loja de celular, aprendendo a usar as ferramentas da operadora. O atendente foi super gentil e me ajudou bastante. Quando virei as costas para ir embora, já por volta do meio dia, entrou um outro cliente, o qual foi “delicadamente” posto para fora. O gentil atendente disse-lhe que ele estava saindo para o almoço, já com as chaves tilintando em suas mãos.
Isso explica o que vivi recentemente na China com uma amiga belga. Entramos num daqueles minúsculos cômodos onde, além de ser o local de trabalho, é também a moradia do indivíduo. O dito em questão era costureiro e em cima da cama dele, estavam as centenas de quilos de trabalho. Fomos lá encomendar-lhe um serviço (bainhas, pregações de adornos em toalhas, coisas simples). Bem, era por volta das seis da tarde, e ele parecia que estava pronto para ir jantar. PARECIA, pois ele não disse nada quando entramos no cubículo em que estava. A minha amiga ficou completamente desorientada, agia como se o mundo fosse terminar no minuto seguinte, fazia as coisas com tanta rapidez e com tamanha cara de desespero que o moço chinês não devia estar entendendo nada. E ainda me dizia: - Vamos logo, Dora! Ele está saindo para jantar!!! E eu, calmamente respondia: - Devagar, devagar. Senão ele não entende o estamos pedindo. E além disso, ele não me parece tão apressado quanto você.
Essa é uma pequena vantagem chinesa, o que parece muito com o brasileiro, se entra alguém de última hora num estabelecimento qualquer, o coitado do vendedor fica lá até completar a venda. E coitado, por que? Não é assim que se faz dinheiro?
Mas esse pensamento não é o mesmo pelo lado de cá. Já que o seguro desemprego é tão bom, duradouro e avantajado, que ninguém tem medo de ficar em casa por uns bons meses ou anos.

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