As terras agora são lusitanas. Tivemos o imenso prazer em visitar Lisboa e arredores sob um inverno ameno e ensolarado. Sair da Bélgica chuvosa e no frio de 0 graus e encontrar uma Lisboa azul de 13 graus foi divino!
Senti como se estivesse em casa. Com uma certa lógica, Lisboa se parece muito com o nosso Brasil. Mantemos em nossas terras a herança de nossos colonizadores. As construções são bastante familiares, lembrando as cidades históricas de Minas, Salvador, Rio de Janeiro e São Luís.
Estar em Portugal e deliciar-se com os quitutes que conhecemos das cozinhas de nossas avós: pastel de Bélem, quindim e as receitas infinitas do bacalhau, parece ser uma volta ao tempo. É como se estivéssemos vivendo as Histórias que aprendemos no banco de escola. Como se há qualquer momento, pudesse ser possível que algum dos Bragança surgisse em sua carruagem dirigida por algum escravo.
Para mim, ser turista em Portugal foi uma experiência fascinante, já que particularmente sinto imensas saudades do Brasil. Fartei-me de bacalhau, explorei os corredores do supermercado, li tudo em português, fui extraordinariamente compreendida e fiz compreender-me com extrema facilidade, comprei livros, comi pastel com caldo de cana, fui a churrascarias e na maioria das vezes, fui atendida por brasileiros. Como não sentir-se em casa assim?!
Fiquei encantada com os portugueses, amáveis e hospitaleiros. Encontrei ciganas portuguesas que insistiam em querer ler a minha mão. Uma velhinha me gritava: - Venha cá, venha cá!
Se ela insistisse mais um pouco eu cederia ao seu chamado, que parecia mais uma ordem! Acabei caindo nas mãos de outra. E eu logo engatei uma conversa, já que a veia cigana pulsa em minhas veias. Ela me disse ser uma cigana originalmente portuguesa.
- Deixa eu ler a sua sorte.
- Não minha senhora. Minha maior sorte já foi lançada. É a minha filha. Além disso, eu também já fui cigana há muitos anos atrás.
Recebi um olhar espantoso e até receoso mesmo. A coitada logo desistiu de seus trocados. Percebeu que talvez fosse ela quem tivesse que me pagar alguma coisa ao final daquele diálogo. Adorei isso!
E ver ao vivo e a cores, os ladrilhos portugueses nas fachadas dos prédios, nas placas das ruas, nos números das casas, as louças portuguesas, os bordados, as toalhas, os bondinhos, as ruas de pedra. Tudo tão rico e tão acessível, ali ao alcance das mãos.
Passear na rua Augusta, cheia dos seus comércios atrativos, e terminar a beira do rio Tejo. No caminho, sentar à mesa no calçadão de pedestres, saborear mais um, ou dois ou três, bolinhos de bacalhau debaixo de um solzinho morno o suficiente para bronzear o rosto. E ainda, ter ao fundo a cantoria de um árabe que entoava aqueles gemidos das mesquitas mulçumanas. Olhar para os lados e encontrar um carrinho que soltava um imenso nevoeiro, pelas chamas que torravam as castanhas portuguesas, as quais você compra e sai com um saquinho marrom de papel pelas ruas. Completando o cenário, um carrinho de flores para aqueles que querem surpreender ou encantar um escritório ou um lar.
Perto dali o litoral. Ah, o mar... Uma de minhas grandes paixões. A brisa, o cheiro da maresia, o sol brilhando no espelho d'água, as marolas e as ondas. Existe um lugar em Cascais chamado a Boca do Inferno. É porque lá estão algumas rochas que foram trabalhadas pelas fortes ondas, e formaram um buraco desaguando do outro lado. Lindo! E palco de romancistas adeptos a tragédia. Tipo assim: "E pelo amor não correspondido encontro acalento junto as rochas quando a elas me entrego". Vixe! rsrsrsrsrs


Que saudade de Portugal. Morei bem pertinho da Boca do Inferno. Que de inferno nao tem nada. Amei. Lindas fotos tambem. Bjs. Cris
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